quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Relato Palhaça Mudinha - Novembro 2011

Palhaça mudinha voluntária do Projeto Apenas Hum Sorriso em uma de suas visitas nos relata:


Um dia normal para quem trabalha em uma grande cidade e depende de transporte público, congestionamento, ônibus e metrôs lotados e com maior tempo de parada nas estações ocasionando assim um leve atraso e para ajudar uma leve chuva. Mas firme no propósito de servir encontrei com o Palhaço Massaroca e lá fomos nós ao Centro de Acolhida.

Uma característica da minha personagem é o fato de não falar ... por isso sou a Mudinha...risos... Com muita alegria distribui mensagens, doces, fiz mágicas e é claro muitos sorrisos para acalentar aqueles corações tão sofridos.

Outro detalhe do meu personagem para me comunicar além das mensagens e das expressões uso uma placa onde faço um diálogo escrito na hora com os acolhidos.

Minha primeira conversa foi com uma mulher que já conhecia de outras visitas.

Vou resumir um pouquinho a história dela:

         Atualmente trabalha como entregadora de panfleto, separada com 3 filhos de 17, 20 e 22  
        anos.   
         Um de seus filhos esta preso, o outro quando ela se separou do marido sumiu no mundo sem
         deixar notícias e o terceiro filho mora com o pai até ela conseguir uma casa para eles morarem.

Seu coração de mãe sofre muito, reservada, não fala de sua vida particular, porém é uma mulher de muita fé e conversa muito com Deus, pede muito a ele para que ela possa ter uma casa e seus filhos de volta, cultiva a esperança que Deus um dia trará seus filhos de volta.

Ao abrir seu coração principalmente na parte dos filhos, lágrimas discreta como ela, desceram em seu rosto e eu graças ao meu personagem não pude falar nada, nem tinha palavras para a situação, apenas consolei com abraços bem apertados e um beijo em sua testa expressando assim todo o meu carinho.


 

Continuei interagindo com outros acolhidos junto com o Massaroca.

Um acolhido contou-me sua história:

         Sua família é de Pernambuco, ele veio morar em São Paulo e estava em um bar com os amigos
         quando levou um tiro na cabeça, que ocasionou a perda da visão de um de seus olhos e ficou
         epilético.

         Cada dia dorme em um albergue diferente ou em uma rua qualquer e que vive nas ruas há dois 
         anos e que sente falta de uma casa.

         No dia em que levou o tiro perdeu todos os documentos por isto não conseguiu dar entrada em  
         sua aposentadoria. Disse que tem desejo de voltar para a casa de sua mãe com sua família, mas
         primeiro precisa se aposentar e tem que ser aqui onde ocorreu o acidente. Ele é separado e tem
        dois filhos que moram com a mãe.

Outro relato:
   - É difícil arrumar um emprego com registro sem ter um endereço fixo, o dia que não tem vaga nos albergues vou para rodoviária durmo sentado até as 4h30 horário que abre o metrô, onde          vou dormir de Corinthians Itaquera até a Barra Funda esperando dar o horário de trabalhar.


Estas histórias de vida cairam como gotas em meu coração, situações que sabemos que existem, e hoje tão perto, tão real, tão triste, pessoas que com certeza passariam por mim na rua e jamais saberíamos da sua realidade, das suas dificuldades...

De todo o meu coração gostaria de poder ajudar, proporcionar a eles o que necessitam:

* Um lar para morar com seus filhos;
* A aposentadoria;
* Uma moradia.


Porém cada um tem suas lutas e conquistas e hoje o que esta ao meu alcance com certeza farei, mandar muitas vibrações positivas e levar meu SORRISO todas as vezes que possível.

Só posso agradecer a Deus pela imensa oportunidade de aprendizagem.
Obrigada Senhor, muito obrigada.

Palhaça Mudinha




2 comentários:

  1. Muito bonito seu relato. Parabéns pelo trabalho!

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  2. Cada gota de alegria que você proporciona, já vale muito mais do que você imagina. Parabéns pela atitude!

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