Lá estávamos nós Massaroca com suas mágicas e eu Bugiganga com sua mala com 1001 bugigangas.
Avistei um homem de meia idade na fila do jantar, abatido pelas adversidades da vida de cabeça baixa como se estive com vergonha de mostrar sua face, de repente como se estivesse cansado depois de um dia exaustivo sentou-se antes mesmo de pegar seu prato de comida. Com um largo sorriso pedi licença para sentar-me ao seu lado, pedido atendido, começamos a conversar, quando menos esperava algo me surpreendeu ele mesmo começou a interpretar um poema muito lindo que falava de amor, não entendi bem as palavras pois percebi que o homem estava sobre o efeito do álcool.
Algo me envolveu e começamos a interpretar juntos, a brincadeira rolou solta, foi muito divertido, ao termino ainda de pé perguntei-lhe qual a sua profissão, pois percebi nele um dom artístico, o mesmo parou estático não se movia, estendeu seu braço sobre minhas costas e disse:
- Eu sou um nada.
Após dizer essas palavras atirou-se ao chão como um moribundo, seguindo meus instintos lhe estendi as mãos que foram aceitas em pouco tempo o homem estava ao meu lado novamente. Tentei dizer-lhe algumas palavras que pudessem de alguma forma levar conforto e esperança em dias melhores.
De forma sutil o homem agradeceu minha presença e encerrou o assunto pegando sua ficha que lhe dava direito a um prato de comida.
Fiquei muito comovido com aquela fala lembrei-me das palavras de Fernando Pessoa “O Homem é do tamanho do seu sonho”, quantos, tantos e muitos seres humanos se encontram nesse estado “eu sou um nada”.
Não me dei por satisfeito, esperei o homem terminar sua refeição, abri minha mala e peguei uma guitarrinha de plástico faltando uma corda e comecei a tocar bem desafinado é claro, me aproximei e pedi que ele cantasse algo e em poucos segundos sua voz ecoava no salão, aproximou-se de nós mais dois homens abri novamente minha mala e tirei de lá mais dois objetos que reproduzia sons e a banda estava se formando faltava apenas mais um elemento o Massaroca que logo em seguida completou.
Cantamos, tocamos, brincamos nos divertimos, naqueles poucos minutos o homem esqueceu de seu título “Eu sou um nada”. Despedimo-nos e continuamos a brincar e a interagir com outras pessoas.
Agora em casa fico a refletir, o que leva um ser humano que foi criado para a felicidade dizer que é um nada?
Muitas coisas tenho a inúmerar sobre “ele dizer ser um nada”, mas não me cabe julgar, pois, não conheço a história desse homem, nessa situação é melhor não saber apenas acolher.
No pouco tempo que estivemos não julgamos, não repreendemos, não dizemos não, não brigamos, não demos lição de moral, porém mais uma vez foi necessário apenas hum sorriso para estabelecer um laço de amizade.
Amizade essa que anima e que motiva a caminhar adiante e não se entregar as dificuldades, afinal pensamento positivo trás curativo para qualquer mal e nunca é tarde para recomeçar.
Sinto-me feliz por ser útil, muitas vezes olhamos somente para nós e nos esquecemos de olhar para o mundo, mundo esse que nos fornece todos os recursos para a felicidade.
Mas, Onde está esta tão sonhada felicidade?
Está na transformação de si mesmo.
Termino essa narração com a frase de Hugo Bethlen " Superação é ter a humildade de aprender com o passado, não se conformar com o presente e desafiar o futuro"
Sorria Sempre!
Rodrigo Domingues
